| Descrição |
O Jardim da Carreira, exemplo de um modelo muito celebrado no séc. XIX - o Passeio Público - está situado na vertente nascente dum dos pontos mais altos da cidade de Vila Real, coroado com a Igreja do Calvário.
A ideia da construção do jardim surge por influência de Almeida Lucena, presidente da Câmara Municipal de Vila Real nos biénios de 1867/68 e 1872/73, que faz desenvolver um plano destinado a embelezar o Monte do Calvário.
Inicia-se a obra em 1984 pela construção de dois socalcos, a Carreira de Baixo e a Carreira de Cima (hoje respectivamente o Jardim da Carreira e a Avenida Almeida Lucena). Pré-existia o chafariz Joanino (1738), posteriormente integrado no muro de suporte que separa a Carreira de Baixo da Carreira de Cima, que só viria a ser concluído até 1815, dada a adversidade da natureza granítica do Monte e os parcos recursos.
Em 1815, na Carreira de Cima, era edificado um outro chafariz, que se encontra no limite norte do jardim, e que estabelece um eixo longitudinal que começa na entrada principal (a sul). Na mesma data foram também plantadas as primeiras árvores. Em 1866 é plantada a alameda de tílias (que ainda hoje em parte se conserva) estendendo-se, num túnel de fresco, da entrada principal do jardim até ao chafariz da Carreira de Cima, ladeado por dois Cedros. Ainda em 1866, foi colocada no centro do jardim uma taça decagonal com um repuxo.
Durante os anos seguintes foi-se acrescentando elementos ao jardim dos quais é exemplo a frontaria neoclássica (construída em 1871, executada com a pedra granítica das escavações) e o portão em ferro fundido, digno de destaque pelo trabalhado de figuras geométricas e cornucópias; um outro portão de ferro fundido (1879), para entrada lateral do Passeio Público que separava o jardim da avenida Almeida Lucena; o coreto (1889), de base octogonal em granito e cobertura em chapa de ferro, rematada com um friso rendilhado e coroada com uma lira.
Em 1894 a cidade e o Jardim da Careira recebem luz eléctrica, sendo esta a primeira localidade do País a inaugurar uma rede de distribuição de energia a partir de uma central hidroeléctrica, devendo-se este feito a Karl Emílio Biel.
Já em 1926 foi lá colocado um busto de Camilo Castelo Branco durante uma homenagem ao escritor natural do concelho de Vila Real. Entre 1940 e 1960 foram construídos os sanitários públicos, novos candeeiros e colocados bancos de base em ferro fundido e madeira pintada de vermelho.
No final dos anos 70, resultado de um projecto do Prof. Luís Torres de Castro, é requalificado o jardim que apresentava problemas de degradação, tendo sido construído novo pavimento em saibro e colocados lancis de betão que vieram redesenhar os canteiros dotando o jardim de maior nitidez e definição formal. Refira-se que o projecto contemplava lancis em pedra e um desenho de cornocópias em buxo no interior dos canteiros, que nunca viriam a ser implementados.
Durante os anos 80 parte da relação de vistas para nascente é perdida, resultado da construção de novos edifícios de habitação em altura ao longo da Avenida Almeida Lucena.
A última intervenção no jardim data de 2001, autoria do Arq.to. José Luís Santos, e vem alterar entrada lateral para uma escadaria dupla. Substitui os dois canteiros mais próximos do chafariz a norte do jardim por um parque infantil e de um ringue de patinagem. Planta ainda novas tílias que pretendem colmatar espaços da alameda plantada em 1866.
[SB]
[FM R-14/11/2008] |
