Arte Paisagista no Norte de Portugal

Inventário de Sítios de Interesse

Ficha de Inventário

Referência: VIRE0752
Designação: Casa/ Quinta do Outeiro
Tipologia: Jardim Privado / Quinta de recreio
Propriedade: Privada
Distrito: Viseu
Concelho: Resende
Freguesia: Anreade
 
Uso Actual: Habitação e quinta de produção de vinha e cereja
 
Descrição
É por um caminho estreito, que parte da Estrada Nacional e que atravessa o concelho de Resende, que chegamos à Quinta do Outeiro. Trata-se de uma quinta do antigo senhorio dos Pintos Machado, sendo hoje de destacar a capela neoclássica que ostenta a pedra de armas da família (trazida da antiga Casa da Torre, pertença desta família, possivelmente nos finais do século XVIII, quando o antigo Solar da Torre sofreu um incêndio) e o jardim.

O jardim foi mandado construir nos anos de 1930 por José Cardeano que regressou abastado do Brasil. Reflecte, contudo, um certo gosto oitocentista pelo romântico e pelo “jardinesco”, gosto esse continuado pelos jardineiros-paisagistas nas primeiras décadas do século XX.

Resguardado pelo L que forma o conjunto casa e capela, o jardim localiza-se para sul e poente dos edifícios, num único patamar, sem apresentar as características modelações de terreno dos jardins pitorescos. Contudo, foram introduzidos os elementos construídos, mais utilizados e apreciados nos “jardins de paisagem” do último quartel do século XIX, como grutas, lagos, cascatas, mirantes e varandins construídos em pedra e cimento pretendendo imitar formas e texturas naturais como as dos troncos de árvores. O conjunto revela-se ingénuo e simultaneamente singular no contexto agrícola e fortemente ensolarado do vale do Douro. Esta imagem é reforçada pela ausência de vegetação frondosa e exótica de grande porte que confere aos espaços um carácter mais húmido, sombrio e misterioso.

O espaço estrutura-se partir do conjunto do lago, gruta e cascata, relativamente central, de onde partem caminhos formando canteiros delimitados por pequenas pedras de granito, de arestas aguçadas. O caminho mais estruturante convida, quem entra no jardim, a atravessar a ponte sobre o lago, actualmente, coberta por uma ramada de glicínias.

O jardim é rematado, a poente, por uma latada e varandim. Este, de significativo interesse formal, é constituído por uma estrutura entrelaçada em imitação de troncos de sobreiros. A partir do varandim obtêm-se vistas excelentes para a paisagem envolvente. Contudo, a vista mais interessante obtém-se a partir de um mirante localizado no limite Norte do varandim. O mirante apresenta uma estrutura de características idênticas àquele, formando com o varandim como que uma peça única. Suportado por colunas retorcidas que imitam troncos de árvores, apresenta dois pisos, ligados por uma escada exterior também com a mesma tipologia formal. De referir a qualidade de execução do conjunto, o seu bom estado de conservação e aspectos de pormenor como o padrão dos tectos do mirante obtidos a partir de diferentes texturas e colorações.

Ao nível da flora o jardim é muito rico em árvores de fruto, como laranjeiras, limoeiros, cerejeiras e diospireiros. Todavia, surgem outras espécies de carácter ornamental como camélias e um loendro de grande porte. Há cerca de dois anos, a propriedade foi adquirida por um cidadão inglês. Com a intenção manifesta de manter a estrutura original do jardim, encontra-se presentemente a executar, obras de conservação, particularmente necessárias sobretudo ao nível das estruturas construídas.

[SC, 10/2007]
 
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