| Descrição |
A Casa de Mateus constitui, na actualidade, um dos conjuntos arquitectónicos e paisagísticos mais interessantes, não só à escala do território do nordeste transmontano como mesmo a nível nacional. As suas qualidades advêm naturalmente do grandioso solar, ao que tudo indica profundamente marcado pelo risco de Nicolau Nasoni (1691-1773) e concluído por volta de 1743, em torno do qual se organizam, segundo uma matriz geométrica, outras construções de grande interesse, nomeadamente a capela (concluída em 1750) e as adegas de origem remota, assim como diversos jardins, pomares e campos agrícolas dispostos em patamares.
Em termos cronológicos, podem identificar-se 3 períodos fundamentais na história dos jardins da Casa de Mateus. Um primeiro, correspondente ao século XVIII, em relação com a construção do grande palácio e ao qual deve corresponder a estrutura fundamental da quinta. Deste período permanece também o jardim a nascente da casa e o enfiamento ao longo do eixo principal até à latada de vetustos esteios de granito. Um segundo período, correspondente à segunda metade do séc. XIX durante o qual terá sido desenhado um jardim de formas naturalizadas que acolheu ‘palmeiras e japoneiras’ assim como o Cedrus deodara e a Chamaecyparis lawsoniana ainda hoje existentes, entre outras plantas exóticas. Finalmente um terceiro período, compreendido entre as décadas de 1930 e de 1960 relativo à fase de realização de algumas das composições paisagísticas, algumas segundo modelos históricos, que hoje têm maior impacto na imagem do lugar.
De facto, embora o conjunto apresente uma grande unidade, alguns dos jardins são de desenho e construção recente, particularmente quando comparada com a origem do solar, sendo a última grande intervenção da autoria do arquitecto paisagista Ribeiro Telles - o grande tanque (1960-63). Esta e outras intervenções ao nível dos jardins contribuíram, de modo mais ou menos consciente, para reforçar o carácter grandioso do conjunto, seguindo modelos conceptuais e formais do barroco e rococó franceses. Contudo, a sua construção não terá alterado a organização e estruturação fundamental da Quinta e poderá mesmo afirmar-se que essas adições constituem, actualmente, um legado significativo para o conjunto do nosso património paisagístico, sendo mesmo indissociáveis da imagem que hoje possuímos da Casa de Mateus.
Por outro lado, a quinta apresenta um nível de integridade e uma qualidade de manutenção significativos, aspectos estes que contribuem, decisivamente, para o seu interesse e valor e concorrem para a tornar num incontornável ponto de atracção turística e cultural.
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